RELATO – PREMATUROS – Novembro Roxo – Gabi, mãe de anjos e de arco íris.
Mais um relato de mãe de anjos prematuros, em homenagem ao novembro roxo, mês da prematuridade.
Hoje quem conta a história do seu anjinho Prematuro e guerreiro é a querida Gabi.
Olá, meu nome é Gabi e essa é a história das minhas descobertas:
Outubro de 2016, 23 anos, técnica de enfermagem, nenhum sintoma de mal estar/enjôo ou nada do gênero, me descubro grávida de 16 semanas.
Primeira coisa, Pré-natal, já estamos atrasados não é mesmo?
PRIMEIRA CONSULTA
Pressão 150/100, o posto foi detalhista, vamos encaminhar pro Gestar (Programa da Prefeitura pra gestação de alto risco).
Duas semanas depois, primeira ultrassom, já me descubro mãe de menino, Vinícius, e a partir daquele momento minha pressão se torna incontrolável.
Mesmo com tudo gritando a tragédia eminente as pessoas que acompanhavam a minha gravidez me diziam pra ter fé.
RESTRIÇÃO DE CRESCIMENTO
Ok, continuamos assim até as 24 semanas, ultrassom morfológica, bebê percentil 3
O que isso significa? Ele é pequeno, você é pequena, primeira gravidez incha mesmo, são os mitos que me rodeavam…
INTERNAÇÃO
Dois dias depois, passo mal no pré-natal, pressão 170/120, interno.
São 15 dias de internação, intermináveis dias de hidralazina na veia, ultrassonografia e nada de uma anticoagulação ou informação de qualidade, esperávamos “quando” e esse quando foi dia 21/12/16 nas 11:25 da manhã quando o médico me disse “Pronto mamãe, não dá pra esperar mais, hoje faremos o parto”.
O PARTO
Assim entrei no centro cirúrgico, aos prantos, chorando e sentindo o que viria a seguir, Vini nasceu as 14:30 da tarde, no momento que ele sai eu convulsiono sobre a mesa, não vi mais nada, segundo os médicos o auge da minha hipertensão monitorada 220/120.
A UTIN
Vinícius com seus 640g e 27 cm e todo meu coração estava dentro daquela incubadora, foram 3 dias, e 6 horários de visita de 1h cada, na mesma UTIN onde eu antes trabalhava e eu pude tocar com os dedos sua mãozinha, e acariciar seu rosto.
Nunca o peguei com vida, segundo conduta médica ele era “frágil demais”.
A PARTIDA
Meu filho teve 2 paradas, no dia 24/12/16.
A primeira as 16h e a segunda às 22:30h, eu cheguei às 15h pra visita e sabia que ele não estava bem, a gente é mãe a gente sabe, as 22:30h eu o peguei no colo pela primeira e última vez, não queria soltar por nada, mas ao mesmo tempo eu tinha de deixar ir.
NÃO É NORMAL
Não me conformei quando me disseram que era “normal” perder o primeiro filho, nem quando disseram que era melhor não tentar novamente, fiz do luto inspiração eu fui atrás, eu quis tentar, eu fiz, em dezembro de 2017, quando Vinicius fez um ano, me descobri grávida outra vez.
O ARCO-ÍRIS
O tal do bebê arco-íris, meu amor, meu Chicão, mais um menino Francisco, estava tudo maravilhoso e paz que rodeava essa vista, eu tive uma gravidez com tratamento e tranquila, sempre projetando o melhor, o levar o bebê pra casa, visualizando aquele momento da foto com o bebê nos braços, da família visitando na maternidade e com essa ideia fixa que eu fui me internar com 38+3 fazer meu parto marcado.
O CHORINHO
Dia 22/08/2018 diferente da outra vez, entrei no Centro cirúrgico rindo, confiante e dessa vez eu ouvi o bebê chorar.
De repente tudo mudou de perspectiva e me redescobri mãe, dois minutos depois ele ainda chorava, muito, pegaram meu bebê e falaram “mãe nós vamos levar ele rapidinho e você vai indo pro quarto que já levamos ele pra você”.
Ok, estranho, uma hora depois eu estava aos prantos, falava pra minha mãe, vai buscar meu bebê, vai buscar meu bebê!
UTIN MAIS UMA VEZ…
E meu bebê não veio, veio a médica com aquele jeito meigo pra dizer que ele teve um desconfortozinho e que ia precisar levar pra UTIN (novamente a mesma UTIN) e um filme cercou a minha cabeça, eu esperei por 12 horas chorando pra levantar da cama e descer pra ver Francisco mais uma vez.
AS LEMBRANÇAS
Adentrar aquelas portas onde passei pela última vez após perder o Vinícius me faltam palavras pra descrever, o único pensamento que me recorreu ao entrar na UTIN foi: “pronto perdi mais um filho”.
E nesse momento eu me descobri fortaleza, após dois anos algumas coisas tinham mudado e a visita era 24 horas, eu passei 9 dias inteiros e 7 noites até 23h dentro daquela UTIN, dando força e pajeando Francisco, quando ele fez 10 dias recebeu alta e um diagnóstico do ocorrido “Pneumomediastino” uma palavra difícil de ser pronunciada e mais difícil ainda de ser vivida.
A ALTA
Corri atrás do prejuízo, com 12 dias levei Francisco pra casa, pude retomar o processo que estava atrasado, nos conhecer e nos dedicar a essa relação infinita.
OUTRO ANJO
Quando Francisco fez um ano me descobri grávida outra vez, essa alegria durou menos 3 dias depois sofri um aborto espontâneo, e novamente sinto a dor mas a paz em saber que somos mães diferentes, temos missão e caminho, e não podemos desistir.
NÃO DESISTAM
Desejo a todas as mães resiliência, é uma palavra hoje em dia muito usada mas não pode perder a essência, a todas as mães de anjo o meu sincero consolo e otimismo “não desistam”, eu sou uma mãe de UTI, mesmo tendo dois anjos e um arco-íris, passei por duas vezes a mesma experiência com finais distintos e digo com firmeza, Vale a pena.
Gabriela Marcucci, mãe de 2 anjos Vinicius e Bê, e do Francisco, bebê arco-íris.
(@gah_marcucci)
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