RELATO MÃE DE ANJO – PREMATUROS – NOVEMBRO ROXO – GABRIELE MÃE DA LAVÍNIA
O Relato de mães de anjo ESPECIAL para os bebês prematuros, já que estamos no NOVEMBRO ROXO, Mês da conscientização e prevenção da PREMATURIDADE.
Oi, me chamo Gabriele, tenho 20 anos e engravidei aos 18 anos. Apesar de ser tão nova, não imaginei que enfrentaria uma responsabilidade enorme além da maternidade… A PREMATURIDADE.
O INÍCIO
Minha filha se chama Lavínia, nascida com 28 semanas e 6 dias, pesando 1,340kg no dia 16/11/2017 (Um dia antes do dia internacional da prematuridade), aquele bebê tão pequeno e guerreiro era minha inspiração.
Meu acompanhamento de pré natal foi todo feito pelo meu plano de saúde, eu não tinha noção nenhuma de como funcionava uma gravidez, de como seriam as mudanças, tudo para mim era muito novo.
Hoje depois de tantas pesquisas e informações eu acho que já entendo mais ou menos o que deve ter acontecido. Isso mesmo, falta de um bom acompanhamento médico.
Eu tinha algumas pontadas no pé da barriga e contrações repentinas sem dor e falava ao meu médico e ele achava normal, ELE também achava a bebê muito baixa nas ultrassonografias sem doppler, mas não quis investigar a causa.
E eu? Eu confiava plenamente nele, aliás ele estudou para isso né!?
Era muito gentil comigo, como vou questionar um médico o que deve ser feito ou não?
Então ele me deu uma guia para fazer exame de urina para verificar se havia infecção urinária e quando tivesse o resultado, pediu para retornar ao consultório. Fiz esse exame, mas antes mesmo de pegar o resultado entrei em trabalho de parto.
DESESPERO
Foi uma noite assustadora, já que minha mãe estava viajando e o meu esposo também era pai de primeira viagem. Eu comecei a perder líquido e fui direto para a maternidade. Chegando lá o médico fez um toque e não havia dilatação, solicitou uma ultrassom. Saindo do consultório senti muito líquido escorrendo pela minha perna, tentei dizer a ele e mesmo assim me disse para ir fazer os exames.
Fiz e quando retornei já era outro médico no plantão, disse que não havia nada de mais nos exames, era normal perder líquido com 28 semanas. Frisei que não tinha sido pouco, mesmo assim fui liberada para casa.
O PARTO
Começaram as contrações doloridas e corri para a maternidade mais uma vez, já era outro médico no plantão, ele foi muito cuidadoso e me acolheu muito bem, atentou aos mínimos detalhes do resultado do exame, foi uma pena ele ter sido o último que me recebeu me internando direto com medicação na veia para tentar segurá-la por mais um tempo.
Infelizmente já era tarde, havia 2cm de dilatação, bolsa rompida, trabalho de parto ativo, levei injeções para amadurecer o pulmãozinho dela já que não estava na hora de nascer, não havia mais nada a se fazer, ela nasceria ali naquele dia.
Meu mundo caiu, eu não estava preparada, ela também não estava, queria minha mãe, queria chorar, queria que aquilo não estivesse acontecendo. Eu sentia dor em cada canto do meu corpo.
A UTI
Até que ela nasceu e para minha surpresa ela também chorou. Ali começou nossa luta, ela foi direto para a UTI Neonatal, foram 6 meses de muitos aprendizados.
Ter que deixar minha filha no hospital era uma sensação horrível, aquela preocupação de quem ficaria com ela, será que irão cuidar como eu cuidaria? E quando ela chorar alguém vai acalma-la?
JULGAMENTOS E MEDO
Lembro-me da expressão das pessoas quando perguntavam se eu passava a noite no hospital e eu respondia que não podia, era como se naquele momento eu sentisse que queriam me questionar algo do tipo “você deixa sua filha sozinha?” aquilo me machucava por inteiro.
Eu passei 6 meses sem dormir direito de preocupação por ter que todos os dias deixar minha filha dentro de um hospital.
Na UTI eu vivi e aprendi que em um dia você sorrir e no outro você chora, é um misto de sentimentos, aquela esperança de que um dia você sairá, só que não sabe quando e como.
Infecções, cirurgias, acessos, medicamentos, ganha 20g num dia, perde 40g no dia seguinte, as mães que já conhecem umas às outras, se apoiam, se ajudam e acolhem quem está chegando assustada com aquele mundo tão falado, mas tão desconhecido.
O LACTÁRIO E AS ORAÇÕES
O lactário, ahhh… o leite.
Umas produzem muito ou quase nada, outras tipo eu já estavam a tanto tempo que precisam se entupir de medicação para tentar não deixar o filho depender de complementação.
O lactário também era uma sala de oração, enquanto eu tirava leite, conversava com Deus.
O banheiro era o lugar do hospital onde eu ajoelhava para orar naquele momento de desespero sabe!? Ou naquele momento para agradecer com mais intensidade por algo bom que havia acontecido.
A oração, é algo que a mãe de um prematuro aprende com o passar do tempo, ela chora, agradece, pede de joelhos fervorosa e depois levanta, se limpa, toma banho de álcool em gel rsrs para entrar mais uma vez na UTI.
Vi bebês pegando alta e vi bebês morrendo, e eu continuando com ela ali, dentro daquela sala com a dúvida de quando sairíamos. Não havia um só dia que eu não pensasse na alta.
A CIRURGIA
Na madrugada do dia 20/05/2018, eu recebo uma ligação do hospital, pedindo que eu vá acompanhá-la pois ela estava sendo preparada para uma cirurgia de emergência. Sai de casa sem respirar direito, quando cheguei ela estava entrando no centro cirúrgico e pedi para vê-la. E disse “o que foi mamãe? Vai da tudo certo.” dei um beijinho na testa, ela quis chorar e a levaram.
Foram quase 2 horas de cirurgia, cheguei em casa quase de manhã, só com o tempo de descansar e tomar um banho para voltar para o hospital.
No dia 21/05/2018 eu recebo a notícia que ela estava em estado gravíssimo, com os rins paralisados e o coração batendo sob medicação.
Eu ouvi do médico que não havia mais o que fazer.
UM ANJO CHAMADO LAVÍNIA
Às 3h do dia 22/05/2018, a Lavínia merecidamente descansou. O meu anjo da terra voou.
Eu chorei, mas não gritei, não esperneei, eu agradeci a Deus por ter lhe dado o descanso.
Quando a vi sem vida, eu olhei cada detalhe do seu corpinho, eu dei muitos beijinhos. Recebi amor e apoio dos amigos e familiares, fizemos sim o funeral para que todos pudessem vê-la já que dentro da UTI muitos não puderam entrar.
Ouvir a sirene do carro da funerária e saber que era a minha filha que estava ali…
Dar adeus com os braços vazios ao hospital onde passei 6 meses com ela construindo sonhos e planos para nossas vidas aqui fora… meu Deus, eu pensava “eu nadei, nadei e morri na praia”.
Dia 16/11/2019 ela faria 2 aninhos de vida. Hoje carrego a dor de não tê-la mais aqui, mas estará sempre viva no meu coração ❤️.
As mães que conheci na UTI do hospital nos ajudaram financeiramente com o funeral e após 1 ano se reencontraram com os seus bebês e carinhosamente lembraram da Lavínia ❤️
- Relato enviado pela querida Gabriele Yanael, mãe do anjo Lavínia.
Lavínia
16/11/17 22/05/18
(@gabyanael_)
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Post mais vídeo do que fiz com as coisas da minha filha, leia mais.