Ser mãe de prematuro é ser mãe prematura – Novembro Roxo –Lilian Minkara, mãe de 2 anjos e do Ahmad, bebê arco-íris.
PREMATURO… Ser mãe de prematuro é ser mãe prematura. Relato da Lilian Minkara, mãe de 2 anjos e do Ahmad, bebê arco-íris.
Mesmo quando um bebê nasce a termo nunca nos achamos preparadas para ser mãe. Como cuidar daquele bebezinho e muitas outras dúvidas e medos, fazem parte das neuras de uma recém mãe.
MÃE DE PREMATURO!
E mãe de prematuro além de tudo isso pensa em cada grama que engorda, cada ml que aumenta nas mamadas, cada dia sem tubo, sem cpap, sem cateter de O2. Cada plantão sem intercorrência.
Quando me vi mãe me vi mãe de um bebê que ainda não estava pronto para vim ao mundo. Me vi mãe, mas não vi meu filho logo que nasceu, apenas por alguns segundos rápidos pela incubadora e eu logo apaguei.
Me vi mãe e só conheci meu filho 24 horas após o parto. Cheio de fios, sonda, cpap e aquele monitor com aqueles sons que na época não conhecia nenhum, hoje conheço todos e mesmo após 2 anos e meio eles ainda não saíram da minha cabeça.
MEDOS
Tive medo? Claro, mas sempre minha fé maior que meu medo. Meu pequeno aguentou tantas coisas na gestação, que tiraria tudo ali de letra.
Tivemos algumas intercorrências, nada tão sério graças a Deus. E ai o medo batia na porta. O que fazer? Será que ele vai aprender a respirar sozinho? Será que vai aprender a mamar? Porque ele vomita tanto? Desse jeito não ganhará peso para ir para casa e muitas outras neuras…
Falando em ir para casa, o dia mais sofrido foi o dia da minha alta. Como ia para casa e deixar meu pequeno no hospital?
JULGAMENTOS
Após 30 semanas juntos, como seria chegar em casa e não ter você lá? Não te ter mais na minha barriga? Ai muita gente me julgava, saiu da maternidade com filho vivo e isso não justifica essa sua tristeza.
Sim, graças a Deus após 2 perdas e sair de braços e ventre vazio, eu saia e deixava meu filho no útero transparente. E por ali ele ficou 41 dias.
A alta foi se aproximando.
O tão sonhado dia. Sair da maternidade levando comigo meu filho. Então veio o medo de levá-lo para casa e não saber cuidar.
O medo de não identificar uma apneia sem o monitor. O medo de não dar conta. Um bebê com 2 kg. Pequeno mas com muita sede de vida.
EM FIM EM CASA
A primeira noite não dormimos, ficávamos o tempo todo olhando para o berço, observando se respirava, trocando, amamentando e tentando estabelecer uma rotina de mãe e filho em casa.
Com o tempo tudo foi se encaixando, e a maternidade foi ficando menos tensa.
Ser mãe de uti é vivenciar uma maternidade com muitas tensões e muito mais julgamentos.
Quando meu menino teve alta tivemos orientações em relação as restrições de visitas e passeios. Tentei explicar para todos. Alguns entenderam, outros não, outros tentaram desafiar o cuidado de uma mãe, mas por ele eu mato e morro.
AS CRÍTICAS E FALTA DE EMPATIA
Muita gente criticou, virou a cara. Me julgavam como louca, neurótica, doente. Julgavam e condenavam que desse jeito meu filho nunca teria saúde e que seria uma criança fresca criada em uma redoma de vidro.
No começo tudo isso me doía, mas depois já nem me importava mais. Confesso que só fui relaxando mais, deixando as coisas mais leves para mim e para ele após os seus 10 meses.
E senti que fiz o certo. Mesmo que muitas vezes tenha sido intensa e exagerada, tudo foi por ele e para ele.
A sociedade não está preparada para acolher e apoiar uma mãe prematura.
Não é só o bebê ganhar peso e ir para casa. Não é só o bebê aprender a respirar e ir para casa. É muito mais além e muito mais intenso.
Graças a Deus vencemos a trombofilia, bolsa rota e prematuridade.
Agradeço demais a todo o apoio da minha família, dos profissionais maravilhosos do hospital e a todas mamães que conheci pela trombofilia e pela prematuridade. Isso fez toda a diferença.
MÃE DE ANJOS E MÃE DE BEBÊ ARCO-ÍRIS
Sou mãe de milagre, mãe de prematuro e meu bebê é meu baby arco iris.
Antes do Ahmad perdi dois bebês, por conta da trombofilia e de gravidez molar hidatiforme parcial.
Sou portadora de trombofilia MTHFR C677T Hetero e durante a gestação aplicava diariamente uma injeção de anticoagulante.
Meu prematuro nasceu de 30 semanas devido a bolsa rota (nada relacionado a trombofilia).
A ruptura da bolsa ocorreu com 26 semanas e seguimos em internação hospitalar por algumas semanas e algumas semanas em repouso absoluto em casa. Durante esse período realizávamos exames para verificar a necessidade de realização do parto.
Eles avaliavam:
- Quantidade do líquido amniótico;
- Infecções (qualquer tipo de infecção seria necessário realizar o parto);
- Sofrimento fetal e trabalho de parto (caso entrasse em trabalho de parto o mesmo não poderia ser inibido).
Graças a Deus não tive essas complicações, apenas entrei em trabalho de parto, rs.
Fiquei algumas muitas horas em trabalho de parto mas precisamos realizar a Cesária.
Ele nasceu com 39 cm e pesando 1730kg… Ficou 41 dias na UTI NEO.
Durante a internação teve uma infecção, várias apneias, fazia bradi quando iniciou a mamada. Foram 3 dias de cpap e 12 de oxigênio.
Durante a gestação cheguei a tomar 3 doses do corticóide para os pulmões. Isso o beneficiou para que não ficasse entubado.
Hoje, graças a Deus, meu milagre está com 2 anos e 7 meses, cada dia mais forte, saudável e perfeito.
Foram muitos sustos que passamos na uti… Sustos que se tornaram doces lembranças, pois cada dia de vida do meu filho é um doce dia.
Vencemos a trombofilia, bolsa rota e prematuridade. Meu prematuro é muito forte e tem sede de vida.
Todos os dias agradeço a Deus, minha família, amigos e a todos que oraram e torceram por nós.
Agradeço as mamães trombofIlicas, e as mamães de uti. Você me deram muito mais que força. Obrigada por tudo. Obrigada por entrarem em nossas vidas.
Minha gratidão eterna a toda equipe da UTI NEO. Que Deus abençoe a cada uma que cuidou do meu pequeno. Que ofereceu colo, amor e carinho para ele e para mim.
Lilian Minkara, mãe de 2 anjos e do Ahmad, bebê arco íris.
(@mamae_do_nenem)
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