Relato Mãe de Anjo
Olá, eu sou Aline, mas pode me chamar de mãe do Théo. Vou compartilhar com vocês um pouquinho da nossa história.
Pra começar precisamos voltar um pouquinho no tempo, em 2019 faço 11 anos de relacionamento e a cobrança por um bebê sempre existiram na minha vida, as pessoas sempre me perguntavam quando o bebê viria e eu sempre fui categórica em dizer que ser mãe não estava em meus planos.
Eu sempre gostei muito de criança eu sou aquela que as filhas (o) dos meus amigos e amigas fazem a festa quando a “tia” chega, mas realmente eu nunca tinha me imaginado mãe.
Eu até então “achava” que já conhecia o amor supremo, incondicional que é o que eu sinto pelos meus sobrinhos, eu sou uma tia incondicionalmente coruja, e quando me perguntavam se eu não seria mãe e sempre respondia:
“Eu nasci para ser tia” e é isso que eu pensava até abril de 2018. Quando a gravidez do Théo estava prestes a mudar a minha vida.
O mês em que eu descobri que estava grávida, minha menstruação sempre foi regrada e no segundo dia de atraso eu já sabia que estava acontecendo alguma coisa, mas eu não queria acreditar e mesmo assim avisei ao meu marido que estava acontecendo, ele imediatamente queria que nós fossemos ao médico e eu disse que estava tudo bem e preferi esperar.
No 7º dia de atraso nós fomos convidados por uma casal de amigos para jantarmos em comemoração do casamento onde nós seríamos padrinhos, o encontro aconteceu com a mesma conexão e alegria de sempre, porém ao voltar para casa eu comecei a me sentir mal e sussurrei no ouvido do marido: “Mozim, eu estou passando mal” imediatamente ele anunciou para todos que eu estava grávida (agora parece cômico mas, na hora eu fiquei pê da vida).
Eu pedi para o meu amigo parar o carro e literalmente coloquei os bofes para fora, todos começaram a me “sacanear” falando que eu estava grávida e eu colocando a culpa nas pizzas em que eu tinha acabado de comer.
Uma das minhas amigas olhou para mim e disse: “Amiga, suas regras estão em dia? “Ali eu já tinha certeza do que estava acontecendo e eu realmente fiquei apavorada”.
O TESTE
No outro dia meu marido e eu fomos à farmácia e compramos um teste, entramos no banheiro juntos e vimos mais que rapidamente os dois tracinhos aparecendo enquanto ele comemorava, eu só chorava e queria a minha mãe, podem acreditar eu só chorava e queria a todo o momento falar com a minha mãe, mas meu choro naquele momento não era de felicidade era de medo, medo da mudança, medo do desconhecido, medo de não conseguir, medo de não dar conta, enfim: medo, apenas medo.
Eu pedi para que ele não falasse para ninguém, a primeiro momento e só escolhemos algumas pessoas para compartilhar, mas todo mundo que passava por ele, ele falava que eu estava grávida.
Já na primeira semana eu já tinha todos os exames iniciais feitos e todo o meu medo foi embora quando juntos fomos ao meu primeiro ultrassom e ouvimos o coraçãozinho do nosso cotoquinho, ali eu já o amava e todo aquele medo foi embora como num passe de mágica, nós já estávamos de oito semanas.
Na primeira consulta fomos encaminhados para o médico de alto risco porque eu sou hipertensa crônica a primeiro momento nos assustou, mas a minha gravidez foi tão tranquila, que o medo foi também passando com os dias/meses.
É UM MENINO
E foi assim que seguimos nos primeiros meses, sem problema algum, um bebê que foi tão bonzinho com a mamãe onde não tivemos problemas de: enjoos, nem pra comer e/ou beber algo foi tudo bem tranquilo, 1º morfológico tudo ok, 2º Morfológico tudo ok.
Descobrimos que nós esperávamos um bebê, nosso menino, eu sempre desde quando descobri que estava grávida queria que fosse uma menina, na verdade eu queria uma boneca, pra enfeitar, pra pensar nos looks mãe e filha, para andar igual a mamãe mas, no fundo eu sentia que estava grávida de um menino e o meu THÉO estava a caminho.
Ali eu já comecei a preparar tudo que eu podia como eu queria os detalhes do meu chá de bebê, todos os detalhes da minha mesa de acolhimento na maternidade, nossas lembrancinhas, e principalmente o tema do quartinho, eu gosto bastante de coroa, mas eu do nada escolhi as NUVENS.
O tema escolhido foi nuvem sem nem de perto imaginar que é de lá que ele me olha hoje.
COMO TUDO ACONTECEU
Quando estávamos entrando na 23º semana depois de escolher o lugar onde faríamos o nosso ensaio fotográfico, numa terça feira dia 24 de julho eu passei o dia sentindo um desconforto no pé da barriga, nada que fosse assustador, era umas espécie de cólica eu não consegui entender os sinais do meu corpo, e comecei a sentir vontade de ir ao banheiro, fiz algumas tentativas sem sucesso quando de repente senti uma vontade muito forte e quando olhei para o vaso percebi que estava sangrando muito.
Foi desesperador, o sangramento era bem vivo e por coágulos, ali eu comecei a chorar desesperadamente e olhei pro meu marido e disse que o nosso bebê tinha ido embora e estava no vaso, corremos para o hospital e imediatamente fomos atendidos, o médico ao me perguntar o que tinha acontecido depois do meu relato me olhou e disse:
“Aline, você está em trabalho de parto” e ali eu fiquei mais desesperada ainda como eu estava em trabalho de parto com 6 meses de gestação?
Eu gritava que meu bebê tinha ido embora, e o médico por mais grave em que o nosso quadro se mostrava ele me tranquilizou e me garantiu que o meu bebe não tinha ido embora, fomos para o ultrassom e ele realmente estava ali comigo, inicialmente os primeiros minutos do exame estava tudo bem e meu coração era só felicidade, mas um pouquinho depois o médico me olhou ele disse:
“Aline, ele está aqui, mas não tem mais movimentos, entrou em sofrimento fetal, temos que tomar uma decisão”.
Naquele momento meu mundo desabou, o meu coração saiu pra fora do peito e a dor que eu sentia que era muita, não era mais nada comparada com a dor da alma.
Os médicos disseram que não podíamos fazer uma cesariana de emergência porque se fizemos naquele momento teríamos que “cortar” um pedaço do meu útero e isso me impossibilitaria de uma possível nova gravidez, me explicou em detalhes que o Théo não tinha os órgãos internos formados e possivelmente ele nasceria sem vida, que fariam de tudo para salva-lo com vida, mas, que provavelmente caso isso acontecesse seria por pouco tempo.
Eu não consigo explicar o que senti quando estávamos ouvindo isso do médico, lembro perfeitamente a expressão facial do meu marido ouvindo aquilo.
Seguimos para a sala de parto, tentamos a bola, a cadeira, massagem e eu sentindo uma dor insuportável e o sangramento não cessava cada vez ficava mais intenso, ficamos monitorados e tentando o parto normal para tentar salvar o Théo por 12 horas, porém sem sucesso, eu não tinha mais que dois dedos de dilatação, em certo momento as dores aumentaram e minha pressão subiu demais, mais que o normal e o sangramento aumentou, naquele momento uma correria entre os médicos, iriamos para uma cesariana de emergência o sangramento poderia virar uma hemorragia interna.
Fizemos um ultra antes de entrarmos no centro cirúrgico e constatamos que o coração do meu menino tinha parado de bater.
Eu sentia tanta dor, tanto sofrimento que naquele momento eu só dizia que não queria ir para cesárea, eu já tinha passado por tudo aquilo e agora não importava mais e que eu não iria, foi quando ouvi dos médicos que não era opcional eu corria riscos de vida e a cesárea precisava ser feita imediatamente.
Oh gente, depois desse sofrimento todo entrar num centro cirúrgico sabendo que eu sairia de lá sem ele, foi o pior momento da minha vida.
A maternidade que fomos não era a que tínhamos escolhido para o nascimento do Théo, mas eu tive uma sorte tão grande de ter cruzado com todos os profissionais que me cuidaram, desde a anestesista que ao ver o meu pavor pela agulha, foi narrando tudo em que fazia comigo para que eu me sentisse mais segura, meu marido e minha mãe estavam devastados e muito nervosos e a equipe médica achou melhor que eles não entrassem na sala, e uma das enfermeiras segurou a minha mão do início ao fim da cirurgia.
O PARTO
Ao iniciar meu parto a médica me perguntou se eu queria ver o Théo quando ele nascesse e eu respondi de bate pronto que não, a médica foi falando tudo que estava fazendo comigo, a ponto de me deixar “mais tranquila” as 10:55 eu vi uma outra enfermeira saindo com um pacotinho embrulhado num lençol azul eu sabia que era ele, enquanto a médica me dizia que iria começar o processo para o fechamento do corte.
Eu perguntei se realmente minha placenta estava descolada, quando ela me mostrou dentro de um recipiente vários coágulos, eram os pedaços da minha placenta, a minha placenta estava despedaçada e quando ela se deslocou por completo foi quando o coraçãozinho dele parou de bater.
O ADEUS
Quando eu não conseguia processar nada do que estava acontecendo à enfermeira que ficou de mãos dadas comigo, voltou e me perguntou se eu queria ver o Théo e eu disse que não, que não queria, e não me julguem por isso eu não queria ficar com uma má impressão eu queria lembrar somente de todos os momentos em que passamos juntos nesses 6 meses, e ela saiu ao ouvir minha negativa.
Não satisfeita um pouco depois ela voltou colocou as mãos sobre o meu ombro e me disse novamente: “Aline, tem certeza que não quer ver o seu menino? Qual é o seu medo?”.
Respondi que estava com medo de ficar com má impressão, quando ela sorrindo me disse: “Ele é lindo, perfeito, quer vê-lo?” e eu respondi que sim.
Ela entrou novamente no centro cirúrgico com aquele pacotinho azul, tirou o lençol e o colocou sobre o meu colo e ele realmente era perfeito, lindo, o beijei muito, olhei ele todinho, tudo e ele era a minha cara, igualzinho a mamãe e com a mão do papai…
Meu Deus porque ele estava permitindo viver aquele momento, depois de beijar muito a sua testa eu comecei a chorar demais e ela o levou.
Eu só quis pensar em agradecer aquele anjo disfarçado de enfermeira que me fez conhecer meu menino, ali eu conheci o amor transformador, o amor incondicional o maior verdadeiro e o amor surreal.
O BATIZADO
Essa mesma enfermeira não satisfeita em mudar a minha vida me incentivando a conhecer meu bebê, ela voltou e perguntou o nome dele e a minha religião, pasmem, acreditem. Ela levou a minha família e meu marido para uma sala apresentou o Théo para eles, e minha amiga que eu escolhi para ser madrinha do Théo também estava lá.
Ela além de apresenta-lo a eles, batizou o nosso menino, e apresentou-o para Deus, gente que mulher é essa???
Naquele momento tudo que eu sabia sobre o amor, foi por água abaixo e naquele momento sabia que a minha missão era ser mãe, mas a mãe dele que me tornaria diferente e especial.
O luto nos devasta, voltar para casa sem o Théo foi o pior momento da minha vida, mas hoje eu acredito que tem algum propósito para essa passagem tão breve.
Ele tinha uma missão, a missão dele era me fazer mãe, eu que falei a vida toda que não queria ser mãe, que não queria ter filhos, hoje eu só penso porque eu demorei tanto para tê-lo.
A missão dele era me fazer mãe e me apresentar o que é amor verdadeiro, esse era o propósito dele. Hoje ele me transformou, eu sou uma pessoa melhor depois do nosso encontro, da nossa ligação, da nossa conexão, ele veio para transformar a minha vida, ele veio para me fazer feliz para o resto da vida quando pensar que ele me escolheu para ser sua mãe mesmo que não estejamos juntos fisicamente.
Hoje 10 meses depois, eu só agradeço a Deus por ele ter me escolhido e por me fazer a mãe dele, essa ligação será eterna, para sempre.
Obrigada meu menino, obrigada por me apresentar o amor. Obrigada por ter me escolhido, te amo mais que a mim mesma.
Essa é a nossa história, a marca que o Théo deixou nas nossas vidas.
- Relato enviado pela seguidora Aline Mendes, mãe do anjo Théo.
Théo 25/07/18
(@maedoanjotheo)
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3 Comments
Q lindo o seu depoimento, eu não tive alguém p me incentivar a ver meus gêmeos, a doutora perguntou e eu disse não mas ela não insistiu, me arrependo amargamente por isso, meu esposo foi quem cuidou do sepultamento, todos dizem q eram lindos e pareciam comigo, perfeitos, infelizmente ninguém tirou foto e não tenho a imagem dos meus filhos
Aline, minha xará, mais um encontro especial o meu Theo me proporcionou, você é incrível. Você é Luz…
Nina tem tanto orgulho dessa mamãe e eu tenho certeza que os dois são amigos la no céu. Muito sucesso
Sua linda!!! Muito obrigada por compartilhar sua história com a gente. Obrigada pelo carinho e confiança. O Théo é amiguinho da Nina, estarão sempre olhando por nós.